Como Acalmar a Ansiedade e Cultivar a Engenhosidade

Sabemos que o stress é ruim para nossa saúde, nosso sistema imunológico e nossa habilidade de lidar e planejar. Felizmente, há práticas e ferramentas que podem ajudar-nos a acalmar nosso sistema nervoso, clarear a mente, abrir o coração e restaurar nosso corpo ao seu ritmo natural. Saiba como com a ajuda da psicoterapeuta Dra. Tara Brach e Ocean Robbins!

acalmar-se diante do Medo

Medo é nosso protetor natural. Todos somos equipados para sentir medo. Ele é inteligente e pode tomar conta de nós. Thich Nhat Hanh, monge vietnamita, contou que, quando os navios de refugiados vietnamitas se deparavam com uma tempestade, ou piratas, ou outros desafios, se todos entrassem em pânico, tudo estaria perdido. Se todos fossem dominados pelo medo, eles afundariam. Mas, se uma pessoa conseguisse encontrar seu caminho para acalmar-se e ser como uma luz, ser a pessoa com coração aberto e presente, então, seria possível para o navio encontrar seu caminho para a segurança. Sua injunção para nós foi

“Por favor, seja esta pessoa.”

Thich Nhat Hanh

Então, um dos convites é, sabendo quão contagioso o medo é e que também há um grande contágio quando uma pessoa se acalma, quando alguém é muito terno e carinhoso, podemos ser esta pessoa?

De fato, há alguns treinos que acalmam o sistema límbico e, na verdade, nos ajudam a encontrar mais equilíbrio e liberdade neste meio. Existem duas variedades básicas de como podemos fazer isto. Uma delas, para encontrar maneiras de colocarmos os pés no chão, é desacelerar nossa respiração. A prática mais simples é a de inspirar e contar até cinco e, então, expirar e contar até cinco, uma longa e pareada respiração. Há muita ciência que mostra que, nestes poucos minutos, o sistema nervoso simpático se acalma. E se você praticar de verdade, imaginando que está liberando-se, estará liberando-se da tensão, da aflição, dos pensamentos preocupantes, estará liberando-se da angústia no coração. Isto é só um exemplo que, se praticarmos, pode ajudar-nos a acalmar o medo.

Outra categoria completa de práticas é aprender a estar presente com o medo, que significa responder à questão “o que não estou disposto a sentir?”.

“Coragem é sentir o que não temos o desejo de sentir.”

Dra. Tara Brach

Como apenas ter a coragem de respirar com o medo. Dizer, “obrigado por tentar proteger-me, mas estou bem, agora”. Reconhecê-lo, dar-lhe um nome e respirar com ele, pode ajudar a encontrar, de verdade, uma sensação de equilíbrio com o medo e ele já não nos paralisa.

como não ser sufocado pelos momentos difíceis

Os momentos difíceis podem levar-nos ao desejo de proteger-nos do sofrimento alheio tanto quanto do nosso. Esta tentativa de proteção faz parte de nosso sistema, mas precisamos ficar alertas, isolar-nos em nosso próprio sofrimento ou ignorar o das pessoas em nossa volta não nos ajuda. O que podemos fazer é conectar-nos com as outras pessoas e permitir ao nosso coração ser tocado. Temos um forte condicionamento a manter-nos confortáveis e achamos que ignorar os fatos pode ajudar, ao contrário, o que podemos fazer é manter contato com aqueles amigos que se sentem sozinhos, aqueles que estão com mais medo de não conseguir vencer uma situação, e mantemos, assim, nosso coração aberto.

Também é importante, todos os dias, lembrar-nos da bondade que existe. Vermos a beleza que há ao nosso redor. Lembrar-nos pelo que somos gratos.

Sentir a conexão do coração com aqueles a quem amamos. Há muitas pesquisas que mostram que temos esta tendência negativa de sobrevivência de fixar no negativo. Então, parte do caminho de cura é, propositalmente, dar sabor à vida. Sobre ser negativo, disse um amigo,

“Somos Velcro para o negativo e Teflon para o positivo.”

Isto significa que, temos que ser abertos ao negativo, ou estaremos afastando algo de nós, ou afastando algo bom, mas também temos que, propositalmente, absorver o bem, e isto significa, literalmente, quando temos um momento em que vemos uma noite estrelada ou o brilho nos olhos de uma criança, temos que parar de verdade, fazer três respirações profundas e deixar nosso corpo e mente registrar o deleite, a maravilha. Tomando o tempo necessário, isto entrará em nossa memória inconsciente ou memória de longo prazo, doutra forma, só deslizará em nós. Sim, absorvamos o que é difícil e absorvamos o que é bom.

gratidão – como cultivá-la e como ela nos ajuda nos momentos difíceis?

Gratidão é muito bom para nós. Há muitos estudos que mostram que, não apenas faz o copo pela metade parecer melhor, mas, literalmente, o deixa mais cheio. A gratidão, literalmente, faz as coisas serem melhor. A prática da gratidão está correlacionada, em estudos estatísticos, com casamentos duradouros, com autoestima elevada, com expectativa de vida longa, com taxas mais baixas de doenças e ela coloca nosso sistema imunológico em estado de presença e engenhosidade, ao invés de reatividade e medo. Mas como a cultivamos, especialmente nos momentos em que tudo parece estar dando errado?

Foto por Polina Zimmerman em Pexels.com

O exercício mais conhecido é o de escrever três coisas pelas quais somos gratos, a cada dia. Escolhemos um companheiro de gratidão e mandamos nossa lista para ele. Mesmo se não estivermos com disposição para isto – especialmente se não tivermos disposição para isto! Mesmo que seja uma abstração, escreva. Nestas ocasiões, talvez pareça falsidade dizer pelo que somos gratos, mas, ao fazê-lo, nosso coração se enternecerá e entraremos em contato com nosso mais profundo ser. Talvez o medo ou a raiva não irão embora, mas abriremos mais espaço, seremos mais como o oceano e teremos espaço para as ondas.

Um bom momento para praticar isto é quando o casal está brigando. Parar e cada um falar três coisas que um vê no outro pelas quais são gratos, alternando, cada um fala uma coisa. Será difícil, pois o momento é de tensão e ira, mas, ao fazer isto, observarão o humor mudar, estarão ouvindo algo a seu respeito visto pelos olhos de quem o ama. Ao expressar apreciação, ambos se tornarão mais conscientes. Sentirão em seu corpo que são do mesmo time. Lembrar-se-ão de quem são e a conversa mudará. Poderão retornar ao que estavam debatendo, mas, agora, estarão num novo ponto de vantagem.

Foto por Jack Sparrow em Pexels.com

Ao agradecer às pessoas ou à vida, não estamos apenas afetando a nós mesmos, mas, da mesma maneira como podemos sentir-nos tocados ao ouvir nosso cônjuge falar o que aprecia em nós, estaremos causando o mesmo efeito às pessoas e à vida.

“O presente mais profundo que podemos dar a uma pessoa é revelar sua bondade.”

Dra. Tara Brach

Porque isto traz à tona o melhor dela. É como se todos nos esquecêssemos. Entramos no que podemos chamar de “transe da indignidade”, quando nós, de alguma maneira, nos sentimos falhos. Nossos entes queridos podem ajudar-nos a lembrarmo-nos de quem somos – e não tem que, necessariamente, ser alguém próximo de nós. Ao dizermos algo gentil a uma pessoa, que seja apreciativo, mesmo que não a conheçamos muito bem, mas estamos sendo sinceros, isto ajuda a trazer à tona sua bondade. É uma linda estratégia, quer estejamos em conflito ou não.

duas maneiras de lidar quando em desacordo com outra pessoa

A primeira é como a citada acima. Lembramos do quadro geral, quem ela é e quem nós somos. Qualquer comunicação será mais segura. Estaremos dentro de uma área segura.

A segunda maneira é tirar um tempo para nós mesmos. Nós nos afastamos um pouco, temos um tempo sozinhos. Tem sido mostrado em pesquisas que, se tiramos só um pouquinho de tempo, nosso sistema nervoso simpático se acalma e temos mais perspectiva. Mas não só isso, ao estar sozinho, vá para dentro de si, onde está zangado ou chateado, e pergunte-se o que há por baixo disto, o que dói. Porque, inevitavelmente, por baixo da raiva, haverá uma ferida ou medo. Se conseguirmos alcançar o lugar vulnerável que foi acionado e, de verdade, trazer alguma bondade para nós mesmos, apenas ver esta vulnerabilidade e estar com ela, faz com que nossas lentes se tornem mais claras e mais abertas, e, assim, podemos pensar na outra pessoa e, não só dizer o que apreciamos, mas sentir de verdade. Podemos lembrar de sua bondade e também podemos ver a outra pessoa e lembrar e sentir o que a poderia estar incomodando através de seus olhos.

“Poderia haver milagre maior do que olharmos através dos olhos uns dos outros por um instante ?”

Henry David Thoreau

Assim, quer seja demonstrando gratidão, quer seja entrar em contato com nossa dor real, encontrando dentro dela o que é nossa vulnerabilidade, abriremos nosso coração. Quando abrimos o coração e a nós mesmos, então, estaremos verdadeiramente num autêntico relacionamento uns com os outros.

Como trazer atenção, compaixão e amor às partes de nós que ficam aterrorizadas, perdidas, desesperadas ao passar por momentos muito difíceis que despertam nossos traumas?

As coisas realmente muito ruins ao nosso redor tendem a evocar as coisas ruins que estão dentro de nós – traumas, dores do coração, sofrimentos pelos quais passamos nos anos de formação tendem a ser estimulados pelas circunstâncias externas. Se nos sentimos solitários, isto pode tocar no âmago da solidão da infância, por exemplo. O que fazer? Como lidar?

Sejam quais forem as correntes em nossa vida emocional, ao enfrentar momentos muito difíceis, nossos traumas acabam alcançando um pico, são desencadeados e exacerbados. A maioria de nós tem traumas. Trauma está realmente espalhado. Há muitos sentimentos de trauma e de emoções intensas.

Uma maneira de lidar com isso é a prática da compaixão, onde ficamos cientes dos sentimentos. Para isto, é preciso colocar a mão no coração e respirar com o que está acontecendo e enviar uma mensagem de bondade. Pode ser algo tão simples como, “está tudo bem, querido”, ou algo muito mais como “você está seguro, neste momento” ou “estou aqui com você” ou “não vou abandoná-lo”, seja qual for, enviemos uma mensagem de bondade. Se não consegue oferecer bondade a si mesmo, então, imagine alguém em quem confie, alguém a quem ama, pode ser uma pessoa viva como a avó, um filho, um companheiro, poder ser uma figura espiritual, poder ser o seu cachorro, pode ser a Mãe Terra, a Mãe Natureza, mas imagine uma fonte maior de amor. Apenas imagine e coloque-a bem no seu ponto atemorizado, com suas mãos. Esta abordagem leva compaixão, amor e bondade direto ao lugar dentro de nós que está aterrorizado.

Foto por Eternal Happiness em Pexels.com

Quando estamos num trauma é como se estivéssemos vivendo dentro da experiência passada e uma das melhores maneiras de estar no presente – terapeutas chamam isso de “grounding” colocar os pés no chão e é exatamente isto – é sentir o peso do corpo no chão, se estivermos sentados, é sentir o peso do corpo contra o sofá, se olharmos ao redor, é ver a árvore pela janela. É, verdadeiramente, muito concreta e especificamente notar como estamos aqui, notar o sentimento desta respiração, e agora desta, a textura da roupa que estamos usando, porque precisamos usar nossos sentidos para voltar ao presente, para que possamos ser uma testemunha e oferecer cuidado. Colocar os pés no chão é uma poderosa maneira de sair do trauma e voltar ao presente. Voltamos ao presente onde, seja lá o que for que nos causava medo ou dor, já não existe, agora somos mais fortes e mais hábeis e sabemos lidar com aquelas situações de maneira que elas já não podem mais atingir-nos e precisamos estar cientes disto quando o gatilho é acionado e o trauma tenta levar-nos ao passado.

Na próxima semana, continuaremos este artigo. Para esta semana, já temos bastante coisa para colocar em prática, não é mesmo?

Conte-me como foi sua experiência colocando em prática o que aprendemos aqui, gostaria muito de saber, porque o que mais quero é que você

Viva a Vida

Viva Bem!

Tara Brach, PhD
How to Calm Anxiety and Cultivate Resourcefulness
Ocean Robbins

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